Como eu antes dizia, o meu pai é pastor aposentado na Igreja Evangélica de Cristo em Moçambique, a minha vida na escola esta dividida em tres partes.
Aquele todo que tropeçasse uma das leis ou regulamento interno da escola, dadas pelo professor ou o Director, era chicoteado nas mãos, ou tínhamos que tirar a camisa e o director passava dar palmatorias a cada um que não respeitasse o regulamento. Tinham regras, para cada coisa. Cada mão 10 vezes e nas costas depois de tirar a camisa 1 vez. Quem não fizesse o trabalho de casa ou chegasse atrasado a escola, os nossos professores batiam-nos nas mãos 10 vezes, com as varas que nós trazíamos de casa, eles nos mandavam trazer as varas alegando que tinha que apontar com ela no quadro, mas na verdade era para ambos objectivos. E as vezes dependiam do professor, nos tínhamos que apanhar pedrinhas e ficarmos de joelhos por cima delas e de braços levantados. Se estivéssemos cansados e abanar os braços e o professor ver, então ele vinha com a vara e nos batia. O pior é que fazia isso dentro da turma para todos verem, para te envergonhares bem.
Mas por um tempo já era normal para todos. No princípio foi uma coisa muito triste, e ninguém falava na turma, éramos obrigados a falar. Quando eu falo de turma você deve estar a imaginar uma classe da sua escola, ou da sua cidade. Não, eu estou a falar de uma sala com algumas pedra ou blocos que nós sentávamos.
Nós encostávamos o caderno nas pernas e escrevíamos a partir de lá.
Nos sentíamo-nos obrigados a mentir e ficar em casa, alegando que estávamos doentes quando não fazíamos os trabalhos de casa, isso porque não tínhamos quem nos podia ajudar, então tínhamos sempre dores da barriga inventada e as vezes tinhamos mesmo dores de barriga em pensando que amanha tenho que ir a escola, as vezes dizíamos que íamos a escola mas na verdade íamos ao rio Namurauane nadar ou fazer o famoso “hereneya”, que era feito numa pedra onde tinha água e nos escorregávamos de lá. Isso foi mais divertido que irmos a escola.
Da 8ª classe até a 12ª classe as coisas melhoraram bastante, as sanções já não eram corporais mais psicológicas, os professores insultavam-nos muito, expulsaram-nos da turma e até chegarem o ponto de nos mandar chamar os nossos encarregados de educação. As vezes preferíamos levar os nossos tios porque quando levávamos os nossos pais lá, quando chagávamos em casa eram também palmatorias.
Esta foi mais ao menos a minha história da minha vida na ascola. E ate hoje que escrevo esta carta, temos muito respeito dos nossos professores. Quando um professor passa ao pe de mim e eu estiver sentado, estou obrigado a ficar de pe e ele pessoalmente é que nos pode mandar sentar, isso tudo para mostrar o nosso respeito.
Quando eu ainda estava aqui na Alemanha recebi a visita do meu pai onde ficou 3 meses, e eu perguntei lhe como foi o tempo dele na escola, certifiquei que foi muito diferente e que segundo ele, nos não passamos nenhum sofrimento.
Este tempo que eu fui a escola, da 1ª classe até mais ao menos 7ª classe, já não se passava muito tempo que os Portugueses saíram de Moçambique. Os nossos professores e pais tiveram ainda aquele trauma da guerra. Desde a educação, hábitos e costumes eram dos Portugueses, isto porque os Portugueses é que colonizaram Moçambique meu país, é por isso mesmo que os nossos professores eram muito agressivos porque eles também sofreram bastante. E se hoje me perguntam, se eu tenho rancores daqueles professores direi que não, isso por uma simples razão: Eles não sabiam qual foi a melhor educação que eles podiam dar, eles pensavam que agindo daquele jeito seria a melhor opção.
Mas pela graça de Deus estamos aqui para rectificar e mudar de cenário no processo de ensino aprendizagem no país que me viu nascer.